quinta-feira, 20 de março de 2014

ENTREVISTA: José Carlos Nascimento Professor e Fotógrafo


 Por: Denise Marta e Miguel Henriques


Por que decidiu ir para Londres tirar o curso de "MA Image and Communication"? Gostou de estar lá?

É uma necessidade que todos nós temos, a de fazer coisas diferentes, de contactarmos e de sermos confrontados com novas realidades. Facilmente nos afeiçoamos a determinados aspectos que achamos prioritários na nossa prática artística e profissional, esquecendo que logo ali ao lado acontecem inúmeras coisas novas e inspiradoras. É claro que agora a internet favorece a proximidade com essas realidades, mas saber o que acontece na Tate através do seu site, e entrar fisicamente nas suas galerias, nunca serão a mesma coisa.
A minha ida para Londres e a escolha desse curso deveu-se ao meu interesse pela arte contemporânea e, muito especialmente, pelo tipo de fotografia praticada nos “colleges” ingleses.
A bolsa da Gulbenkian veio dar uma ajuda preciosa, sem ela essa experiência fantástica não teria sido possível.

Tem algum fotógrafo preferido em quem se inspire?

Não! Eu tenho muitos fotógrafos que admiro, não consigo destacar nenhum em especial, o meu gosto é bastante eclético.

Fale-nos da sua exposição "Déjà Vu".


Déjà Vu é composto por um conjunto de imagens feitas descomprometidamente, que nunca antes me tinha passado pela cabeça vir a mostrar, mas que a dada altura achei ser o projeto certo para uma exposição agendada para um espaço experimental, ligado à Alliance Francaise, que eu e uns amigos da IC ZERO estávamos a dinamizar. Esse projeto tem a ver com uma série de fotografias que eu fiz no Choupal, precisamente com alunos da Escola de Artes de Coimbra, alunos que eu levava frequentemente para esse lugar com o propósito de realizarem pequenos exercícios fotográficos.  Aí, eu tinha o cuidado de os observar... e, por vezes, sem que eles percebessem, via coisas engraçadas. Uns dias ou mesmo semanas mais tarde, pedia-lhes a cooperação para recriar algumas dessas cenas, sem que eles imaginassem estarem a ajudar-me na recriação  de algo que eu tinha observado neles. 
Aquando da exposição de Déjà Vu, mostrei também numa outra sala um trabalho em progresso, realizado em pareceria com um antigo colega do Goldsmiths, o Achilleas Tilegrafos.


Qual é a exposição que gostou mais de fazer?


Há várias que eu gostei muito de fazer. A última em que participei, no Colégio das Artes e ligada ao curso de doutoramento, foi para mim muito importante, porque tive oportunidade de mostrar umas fotografias visualmente pouco apelativas, que dificilmente alguém olha com atenção, mas das quais eu gosto bastante e acredito têm um discurso muito consistente por trás. De qualquer forma, aquela que me deu mais prazer talvez tenha sido: "Nas Entranhas do Infinito", no Centro Cultural de Belém (com texto do Bruno Paixão), e que foi o resultado de um projeto realizado no Bangladesh, em desespero de causa, depois de um processo algo atribulado e desagradável, quando em 2000 fui proibido de entrar na Índia.

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