Por: Denise Marta e Miguel Henriques
Por que decidiu ir para Londres tirar o
curso de "MA Image and Communication"? Gostou de estar lá?
É uma necessidade que todos nós temos, a
de fazer coisas diferentes, de contactarmos e de sermos confrontados com novas
realidades. Facilmente nos afeiçoamos a determinados aspectos que achamos
prioritários na nossa prática artística e profissional, esquecendo que logo ali
ao lado acontecem inúmeras coisas novas e inspiradoras. É claro que agora a
internet favorece a proximidade com essas realidades, mas saber o que acontece
na Tate através do seu site, e entrar fisicamente nas suas galerias, nunca
serão a mesma coisa.
A minha ida para Londres e a escolha desse
curso deveu-se ao meu interesse pela arte contemporânea e, muito especialmente,
pelo tipo de fotografia praticada nos “colleges” ingleses.
A bolsa da Gulbenkian veio dar uma ajuda
preciosa, sem ela essa experiência fantástica não teria sido possível.
Tem algum fotógrafo preferido em quem se
inspire?
Não! Eu tenho muitos fotógrafos que
admiro, não consigo destacar nenhum em especial, o meu gosto é bastante eclético.
Fale-nos da sua exposição "Déjà
Vu".
Déjà Vu é composto por um conjunto de
imagens feitas descomprometidamente, que nunca antes me tinha passado pela
cabeça vir a mostrar, mas que a dada altura achei ser o projeto certo para uma
exposição agendada para um espaço experimental, ligado à Alliance Francaise,
que eu e uns amigos da IC ZERO estávamos a dinamizar. Esse projeto tem a ver
com uma série de fotografias que eu fiz no Choupal, precisamente com alunos da
Escola de Artes de Coimbra, alunos que eu levava frequentemente para esse lugar
com o propósito de realizarem pequenos exercícios fotográficos. Aí, eu tinha o cuidado de os observar... e,
por vezes, sem que eles percebessem, via coisas engraçadas. Uns dias ou mesmo
semanas mais tarde, pedia-lhes a cooperação para recriar algumas dessas cenas,
sem que eles imaginassem estarem a ajudar-me na recriação de algo que eu tinha observado neles.
Aquando da exposição de Déjà Vu, mostrei
também numa outra sala um trabalho em progresso, realizado em pareceria com um
antigo colega do Goldsmiths, o Achilleas Tilegrafos.
Qual é a exposição que gostou mais de
fazer?
Há várias que
eu gostei muito de fazer. A última em que participei, no Colégio das Artes e
ligada ao curso de doutoramento, foi para mim muito importante, porque tive
oportunidade de mostrar umas fotografias visualmente pouco apelativas, que
dificilmente alguém olha com atenção, mas das quais eu gosto bastante e
acredito têm um discurso muito consistente por trás. De qualquer forma, aquela
que me deu mais prazer talvez tenha sido: "Nas Entranhas do
Infinito", no Centro Cultural de Belém (com texto do Bruno Paixão), e que
foi o resultado de um projeto realizado no Bangladesh, em desespero de causa,
depois de um processo algo atribulado e desagradável, quando em 2000 fui
proibido de entrar na Índia.
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